sexta-feira, 17 de julho de 2015

O FIM DA HISTÓRIA

DA  BANCA

Antes de mais ver em:

Num destes dias tivemos a notícia de que o  Banco Mundial tinha  suprimido uma passagem crítica num relatório sobre economia da China com a justificação de  que essa passagem não tinha sido revista adequadamente segundo os procedimentos habituais de verificação e validação dessa instituição.  Nessa passagem o BM faria notar que o Estado Chinês exerceria um forte controlo sobre a maioria dos activos da banca comercial tornando-se uma excepção á luz dos padrões internacionais,  (como se isso fosse alguma  dor de cabeça para os próprios responsáveis chineses).  Realçaria o BM que as autoridades chinesas seriam simultaneamente proprietárias, reguladores e clientes dos bancos. (Coisa que também, parece, não deixaria dormir os chineses). Mas ia mais longe o BM quando afirmava que a reforma ( que reforma?) financeira só seria eficaz  se fossem  removidos  os incentivos distorcidos  e as fracas estruturas governativas que sempre tinham  afectado a forma como os recursos financeiros eram mobilizados e alocados.  

Em primeiro lugar não se entende da notícia se todas essas críticas tinham sido as retiradas do texto inicial do BM. Depois os chineses devem ter lido o original e devem ter achado imensa piada ao texto. Para além de que as politicas financeiras são deles, chineses, é curioso como exercendo o Estado Chinês forte controlo sobre Etc. Etc… serem fracas as estruturas governativas etc. etc…

É curiosa a coincidência desta posição, que se conhece agora do BM, com aquela crítica que os Estados Unidos fizeram em Abril deste ano, à criação do BAII (Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas) numa iniciativa do Governo de Pequim. Que, ao contrário, foi  (essa iniciativa) elogiada pelo Nobel da Economia Joseph Stiglitz. Ver em:
Mas há mais:
Tenho em meu poder a edição  do L’Expansion nº 806 Julho-Agosto de 2015 que contêm  uma entrevista muito interessante a Francis Fukuyama, o tal do FIM DA HISTÓRIA (1989) e do "O fim da história e o último homem" (1992) onde sustentava a ideia do triunfo do liberalismo económico sobre as ideologias.
Acontece que passados vinte anos aparece O Capital no Século XXI, de Thomas Piketty, em que este demonstrando que  sendo o capitalismo  um extraordinário produtor de riqueza, de inovação, de tecnologia, de bem-estar, de desenvolvimento,  por outro lado o condena  como sendo  um sistema que tende a repartir a riqueza de uma maneira  desigual, injusta, antidemocrática. Imoral enfim!

 Ou seja a história não acabou nem acaba tão cedo.

E o curioso é que nessa  segundo L’Expansion, em destacado  FUKUYAMA teria afirmado que

 “Le Système capitalistique ne pourra pas se rééquilibrer tout seul. L’intervention du politique será necessaire."

Espantoso tendo em conta as posições do BM e dos States já citadas e o fundo  "filosófico" das obras do autor acima referenciadas.

Mas não fica por aqui! É que é necessário ler o miolo da entrevista para entender o destacado.
É que, vindo no seguimento de uma afirmação  ( esta também espantosa!) de Fukuyama de que;  
“ nous aurions dû faire plus d’efforts pour réguler les banques  et encadrer le lobby bancaire, qui est encore beaucoup  trop  puissant... Beaucoup plus puissant  que les forces democratiques,” 
a afirmação é feita como lição a tirar da crise financeira de 2008, e o que Fukuyama diz é que:
 “La façon dont le système capitalistique s’est développé aboutit au fait que, au niveau mondial, il y a un surplus de capital et une demande insuffisante.  Le système ne pourra pas se rééquilibrer tout seul. Il faudra l’intervention du Politique."

Ora bolas, que desilusão! O que parecia uma contrição  afinal não é.  Para este senhor, que parece ser uma personalidade importante, afinal, , só será necessária a intervenção da política, para equilibrar o sistema, quando houver mais capital que a demanda.

Quando há mais demanda que capital, não é necessária a intervenção da política!
- Sobem os juros e já está!

Até aí sei eu!

Aqui vão as páginas da L'Expansion.





Mas vejam como se comportam os agentes dos tais mercados cuja lei não deve ser incomodada pelo poder político! Na passada quinta feira, 9 de Julho, no Telejornal da RTP1 o Senhor Roberto Halver especialista em questões financeiras do Banco Alemão BAADER comentou a "quarta negra", a crise da Bolsa na China e a sua recuperação, pela intervenção do Banco Central, da seguinte forma:

 Ver em
http://www.rtp.pt/noticias/economia/bolsas-chinesas-recuperam-de-quarta-negra_v843410

"A China está a sustentar-se com um Banco Central que não descartou vender as próprias Acções se necessário. Para já estamos a ver a economia planificada a ser usada para salvar a economia de mercado.. A venda de acções é restrita e os grandes accionistas não podem vender durante meio ano. Isto salvaguarda o mercado dos títulos, mas podem fazê-lo porque é a China e a China é importante"

Aqui vai a sequência printe screen da espantosa verificação do Sr. Halver.

 Grande e triunfante liberalismo, cujos defensores e seus representantes, quando a coisa se faz preta, não dão para o peditório nem se hipotecam. Esperam o socorro do  Estado.
Esta é negra mas tem que ser dita!

- Sr. Fukuyama!

Fim da História é apenas para aqueles que morrem!
No meu caso espero bem que não seja igual aos de Hiroshima nem aos de Nagasaky

Tone do Moleiro Novo