quarta-feira, 14 de setembro de 2016

FÁTIMA, FADO, FUTEBOL e FOGOS FLORESTAIS.

FOGOS FLORESTAIS

No tempo do Santa Comba dizia-se que Portugal era a terra dos três “Éfes” – FÁTIMA, FADO e FUTEBOL. Tão forte era a tradição que a coisa sobreviveu ao dito cujo. Com um acrescento eu. Será hoje mais pròpriamente a terra dos cinco “Éfes” FÁTIMA, FADO, FUTEBOL e FOGOS FLORESTAIS.

E a coisa é tanto mais surpreendente quanto e desde que entrámos para a CEE, ( tomemos essa data como referência) todos os anos a coisa se repete; Portugal rural ( e não só) arde! Mas não será tão surpreendente assim! O modelo do desemborbimento implantado pelos crânios infalíveis dimensionou, quantitativa e qualitativamente, Portugal para arder!

É que também todos os anos se repetem nos nossos meios de comunicação social as mais diversas considerações sobre o assunto, vindas dos mais díspares, insuspeitos e improváveis comentadores, opinadores, especialistas e outros catequistas. A grande maioria dos quais nunca terão cortado mato na vida, nem tão pouco colaborado no combate a qualquer incêndio!

Daí que espanta como é que ainda não se encontrou uma solução estrutural e estruturada para o problema. Didáctica não falta. Basta aos responsáveis coleccionar, estudar e sintetizar o que foi dito e escrito durante, pelo menos, nestes últimos trinta anos para aí encontrar todas as respostas necessárias.

Este ano acontece de novo. E também como é costume a coisa aquece nos meses de Verão. Deixem chegar o Inverno e vão ver que a coisa esquece e já ninguém mais opina até à abertura de nova época do vermelho.

De entre tantos argumentos e testemunhos vou realçar dois destes, recentes, saídos do JN, minha leitura de todos os dias e confrontar com algumas noticias sobre os incêndios no particular caso do Parque Peneda Gerês.

JN de 20 de Agosto  - ÁREAS PROTEGIDAS ARDEM MAIS “ …sobretudo a de Peneda-Gerês (que perdeu 7009 hectares de Floresta)…” – pg 10

JN de 31 de Agosto – GERÊS JÁ PERDEU 1300 HECTARES DE FLORESTA – pg 26 ( Para se entender,  esta noticia refere-se a que este Verão já ardera essa área até ao incêndio referido na noticia anterior.)

JN de 6 de Setembro – 3,4 MILHÕES PARA TRAVAR FOGOS NA PENEDA-GERÊS – pg 32 ( que confirma os tais 7000 hectares ardidos numa área total de Parque um pouco mais de 8500 Hectares)

O anúncio desta notícia fá-lo João Matos Fernandes, Ministro do Ambiente, de quem realço as seguintes afirmações
:
“Sabemos que o fenómeno dos incêndios é muito complexo. Zonas com os aceiros muito limpos e pontos de água identificados não deixaram de arder”
Esta não é novidade! Curioso é o reconhecimento de que os aceiros de pouco servem a não ser para perder terreno útil que poderia estar ocupado com espécies resistentes ao fogo!

“Temos que ter mais gente no terreno e mais equipas de sapadores florestais”
A fazer o quê? Empreitadas? – Porque não ter o terreno ocupado por indígenas que convivam e cuidem do território? Quem foi que promoveu o despovoamento do interior e o alheamento do mundo rural tanto aí como no litoral?

“Projecto inclui medidas de proximidade, de parceria na acção e de protecção do parque”
Isso quererá dizer que os habitantes da Peneda Gerês vão ser tidos e achados no assunto e passarem a ser importantes na conservação dum património dito agora valioso mas que chegou até nós graças à acção dos seus ancestrais?
Quantos desses milhões chegarão aos proprietários para que possam ter meios económicos para cuidar daquilo que lhes pertence?

Que significado terá no meio disto tudo uma outra noticia do JN de 11 de Setembro, pg 26
“Peneda-Gerês Governo estuda novo modelo de gestão para as áreas protegidas AUTARCAS VÃO PODER MANDAR NO PARQUE”
Então quem manda no parque? Um modelo de gestão que inibe os habitantes locais de tudo e mais alguma coisa mas falha rotundamente na protecção destes e seu território, do lume que consome aquilo que deveria ser a preocupação maior – A Floresta!?
Não será uma aberração completa a Gestão, nomeada, do parque se sobrepor ás competências de Autarquias eleitas? – Só agora deram por isso?

Mas a coisa não fica por aqui

No JN de 11 de Agosto aparece um artigo de opinião– CHEGA DE ENGANAR-  de Cristina Azevedo - que se identifica como Analista Financeira, onde se refere aos fogos de uma maneira mais ou menos genérica.

Mas já no JN de 8 de Setembro particulariza num outro artigo - Incêndios florestais? Uma ideia, sr. PM!

A ideia afinal são cinco!
- Constituir mosaicos de descontinuidade, impedindo ou contendo a propagação de fogos; - Boa ideia repisada de muitas outras de há trinta anos para cá desde que não insistam muito na falácia dos aceiros.

- Regenerar as áreas ardidas . Boa ideia repisada de muitas outras de há trinta anos para cá e que se alguma vez tivesse sido bem executada já teríamos o território ordenado pois arder já ardeu tudo o que havia para arder.

 - Estimular a diversificação florestal, promovendo as espécies autóctones de baixa combustibilidade; - Idem, Idem. Aspas, Aspas.

- Criar condições favoráveis à constituição de ZIF (Zonas de Intervenção Florestal);

Aqui é que a coisa começa a descambar. Santa ingenuidade

- ZIFs para quê?
Gostaria muito de mostrar à Senhora Cristina Azevedo o perímetro da ZIF de Viana do Castelo e de lhe mostrar a área ardida nesse mesmo perímetro. Que pergunte aos de Outeiro e Nogueira para que é que lhes serviu a ZIF. O fogo só não passou para a encosta Poente , não devido à ZIF mas sim à existência dos núcleos urbanos de Outeiro e Perre e do Rio das Carvalheiras.
Seria também muito elucidativo se essa sobreposição fosse estudada em todas as ZIFs que se constituíram por esse país fora.
Mostre-me a Senhora Cristina uma ZIF que tenha evitado um incêndio e eu adiro ao soviete que implantaram para os nossos lados!

Mas a melhor das ideias é esta!
- Lançar uma OPA Florestal, como no caso do Município de Pombal que decidiu estar disposto a comprar parcelas florestais que permitiriam realizar as operações anteriormente descritas. Os terrenos seriam graduados segundo certos critérios e seriam adquiridos entre 40 cêntimos/m2 e 1 Euro/m2 dependendo da pontuação obtida e depois de adquiridos seriam geridos tendo como compromisso a salvaguarda da biodiversidade, a produtividade e a vitalidade dos povoamentos.

Seriam geridos por quem?
- Pelo Estado Sra. Cristina?
Veja o que acontece nas áreas sobre a dependência do Estado! Veja o Caso da Peneda e Gerês. Mostrar-lhe –hei, se quiser, o lindo estado em que o Estado deixou o Baldio da Minha Terra! 

– Adquirir mais terrenos para quê?
- Para que lhes aconteça o que está a acontecer na Peneda Gerês?

-Não ouviu a Senhora Cristina o testemunho do Bombeiro Marco Ferreira dado em Arouca ao Jorge Gabriel no passado dia 12 no programa Nação Valente, pelas 12H20?
Vou reverter de memória.

“ O Problema é do Ordenamento Florestal. A Floresta não está estimada. Está mal estruturada. Olho hoje para o que acontece no Parque Peneda e Gerês. Já lá andei há seis anos. Tem bons acessos mas estão tapados. Fechados. E o Estado é o pior. A Floresta do Estado não tem ponta por onde se lhe pegue!”

Mas espectacular é a conclusão
“Não tenho dúvidas das mais-valias criadas por este tipo de intervenção pública”

Também eu  não!

Imaginem uma Câmara, ou o Estado, a adquirir terrenos a preços médios de 70 cêntimos por m2 dado estarem zonados como áreas florestais, e depois retirar esse ónus dos PDMs ( ficariam com a faca e o queijo para o fazer ) para negocia-los sabe-se lá para quê. Imaginem as mais valias que de facto seriam criadas por este tipo de intervenção pública!

-E se fosse um PIN?

Não daria trabalho nenhum. Nem sequer era necessário alterar o PDM

lopesdareosa

terça-feira, 6 de setembro de 2016

A FELICIDADE É UMA CONCERTINA

ESTE  TEXTO  É  DEDICADO  AO  QUEIROS  DE  PONTE DE LIMA.

 Com um abraço à descendência!






 FIGURA ÍMPAR como se tivesse saído da Serra, para lá de Serdedelo, para se passear pelas Ruas de Ponte em dias ( e noites) das Feiras Novas.

Um ano daqueles da passagem dos setenta para os oitenta ofereceu uma sardinhada, ali num quintal com um portão de ferro que dá para a alameda de S. João, a todos os tocadores de concertina que estivessem na festa. Passaram a palavra e apareceram quase todos entre eles o Vilarinho. Disse-me o Queiros que tinha aprendido ao tocar concertina pegando na do Nelson sempre que o encontrava ou nas feiras ou nas Festas.

- Tal qual como eu - lhe respondi

Hélder Pacheco escreveu uma crónica com este título, nas vistas do seu quinteiro, uma coluna saída na edição do JN em 22 de Setembro de 1992. E explicou porquê.

Tinha chegado a essa conclusão por ter ido à romaria de S. Bento de Vairão.
Cá por mim e em jeito  de quem se cuida tenho meia dúzia. E se a felicidade se mede em concertinas vejam só o felizardo do Delfim dos Arcos que tem centenas. O Pedrosa de Fontoura vai nas dúzias!
O Nelson de Covas sempre tocou na mesma. E tenho lembrança de imagens da Felicidade nos seus olhos só de a tocar!
O Roberto Santiago, francês de Orleans - um dos mais espantosos tocadores de acordeão diatónico que conheço - tem uma colecção de cento e tal.
Compreendo a razão de Hélder Pacheco. Já ouvi canções tristes tocadas no harmónio. Algumas de Yan Thirsen. Mas na generalidade o acordeão diatónico acompanha a alegria. Desde a Irlanda até à Bretanha. Desde Inglaterra até ao País Basco. Desde a Cataluna até à Rússia, desde a Itália até a Alemanha.  Desde o Brasil de Zezinho Nantes até ao Texas da família Santiago, passando pela Colômbia de Alejandro Duran e de António Rivas. E daí à Áustria de onde veio!

O Acordeão Diatónico é um instrumento de foles e palhetas assim chamado porque a sua estrutura musical consiste numa escala diatónica que por sua vez assenta numa tónica que pode ter como base qualquer  nota natural  ou qualquer meio tom. Com a particularidade de ter um "som" (a nota correspondente a cada tecla)  abrir e outro som a fechar, segundo uma sequência de notas que em simultaneidade com os movimentos alternam da tónica para a dominante e vice versa.

Por este pormenor que os distingue dos Cromáticos - de ter um "som" a abrir e outro a fechar - dizem-se bi-sonoros. Mas já ouvi (ou li) que por isso é que era diatónico! Enfim, coisas de entendidos.

Não gosto de discutir Concertinas. O que gosto mesmo é de tocar! No entanto não resisto em desmontar certas cátedras!

O primeiro acordéon Diatónico foi construído em 1829 por um construtor de Órgãos chamado Ceryl Demien Pertany, Vienense, que resolveu construir um órgão portátil e assim democratizar a música! Instrumento simples feito para que não sabia música foi desde cedo adoptado por quase toas as comunidades rurais da Europa, da América e mesmo de África.

Os primeiros a chegar a Portugal eram simples e de uma carreira só a que deram o nome de harmónio. Era ainda o Harmonico que a Tia Eufrásia e a sua vizinha Isaura do Capote tocavam.

Depois deu no que deu. Mais tarde os portugueses chamaram  - ao acordeão diatónico -  concertina! Vá-se lá saber porquê! Daí que, confundidos, certos especialistas atribuíram o seu invento a um tal inglês de nome Wheatstone que de facto inventou a concertina, dita tal, que é totalmente diferente do instrumento a que crismamos com o mesmo nome.












Não nos prolonguemos que estamos na semana das Feiras Novas  (Segundo o calendário moderno na passagem da era do Conde D'Aurora para a era da palermice).

Há muito tempo que lá falta o Queiros!

Coisa não fácil de engolir tanto mais que uma concertina é a felicidade!

Lopesdareosa

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Família Ramos Pinto


Moraram em Viana do Castelo.

Soube, há muito tempo, que se teriam fixado no RIO DE JANEIRO na Rua Murtinho Nobre, no Bairro de Santa Teresa.

Alguém sabe informar qual o paradeiro desta Gente?

lopesdareosa